Deputado federal de primeiro mandato, o ex-policial militar Daniel Silveira (PTB-RJ) virou uma espécie de estrela nas hostes bolsonaristas. Integrante da tropa de choque governista no Congresso Nacional, o agora petebista é visto por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro como um símbolo de resistência contra um suposto abuso do Poder Judiciário. Nas últimas semanas, Silveira se tornou o personagem principal de um embate entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto. Condenado a 8 anos e 9 meses de prisão pela Corte em razão de ataques aos ministros e às instituições, o parlamentar foi agraciado com um indulto presidencial, que, na prática, anula a pena imposta pelos magistrados – a constitucionalidade do decreto ainda será apreciada pelo STF. Enquanto o caso segue sem um desfecho, o deputado mantém vivo o sonho de se candidatar ao Senado. A pretensão, porém, esbarra nos planos de outro senador: Romário, filiado ao PL, mesmo partido de Bolsonaro. Silveira dá de ombros para o enrosco eleitoral, reafirma sua postulação e faz críticas ao ex-jogador de futebol. “Ele não é e nunca foi bolsonarista. Pelo contrário, votava contra e nunca mencionou o presidente. Agora quer dizer que é apoiador fiel. Não é, isso é uma inverdade”, disse Silveira
O deputado do PTB afirma que a candidatura de Romário à reeleição no Senado pelo Rio de Janeiro se sustenta em um acordo costurado pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, preso e condenado no escândalo do Mensalão. De acordo com Silveira, Costa Neto pediu ao mandatário do país a prerrogativa de definir duas candidaturas que contariam com o apoio presidencial. Uma delas seria a do Rio. “O presidente ficou em uma sinuca de bico”, diz o petebista. “O Romário nunca mencionou o presidente, nunca falou em defesa do governo e agora diz que é o candidato do Bolsonaro. Me irrita querer uma etiqueta de conservador, quando não é”, segue.
Daniel Silveira vai além em suas críticas. À reportagem, o deputado disse que o Senado precisa de parlamentares que defendam uma “reforma do Judiciário” e impeachment de ministros do STF – de acordo com a Constituição Federal, é uma prerrogativa da Casa Alta do Congresso Nacional a análise de pedidos de destituição dos integrantes do Supremo. “Romário nem toca nesses assuntos, não está nem aí para isso”, acrescenta. Aliados de Silveira ouvidos pela reportagem dizem que há uma articulação em andamento, cujo objetivo seria convencer Romário a disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, onde esteve entre 2011 e 2015. Oficialmente, porém, a ideia é rechaçada pela cúpula do PL. A assessoria do senador Romário não respondeu aos questionamentos do jornalista até a publicação desta reportagem.