Há um ano, a produtora de eventos Juliana Nespatti, consultada pela reportagem, passou por uma cirurgia para colocar uma prótese de silicone e, ao sentir muitas dores, percebeu que seus pontos estavam abertos e com pus. O médico prescreveu um antibiótico e fez novos procedimentos, no entanto, o sentimento da paciente foi de desamparo já que, segundo ela, o especialista não explicava exatamente o que tinha dado errado e quais condutas estava adotando. “Depois de três dias com o peito vazando e aberto fui nele e eu mesma falie: ‘Doutor, isso é seroma’. Ele não falou nem que sim, nem que não, continuou quieto. Só que o meu peito começou a doer muito”, relatou a produtora.
Juliana ia com frequência ao consultório para refazer os pontos, mas nada adiantava, até que o médico apontou a necessidade de um novo procedimento: “Ele falou pra mim que a cirurgia era para fazer uma drenagem, uma limpeza do meu seio. Houve a drenagem, mas ele retirou minha prótese de silicone e o problema ainda não havia cessado. Continuou abrindo os pontos, começou a criar feridas”. Ao consultar outro especialista, a produtora de eventos descobriu que estava com uma bactéria que, segundo a vítima, foi contraída por falta de higienização dos materiais usados no implante. Diante disso ela entrou com um processo contra o médico que realizou o procedimento.
A ginecologista Naira Scartezzini avalia que o alto número de notificações por erro médico não está necessariamente relacionado a uma falta de qualificação. “Ter um aumento da notificação de possíveis erros médicos é muito rico para que nós, como conselho médico, possamos avaliar como melhorar as condições que o médico trabalha e também para que os pacientes que estão em dúvida sobre se o procedimento foi bem conduzido também possam ter mais informações”, avalia. A médica também ressalta a importância de um diálogo aberto e claro com o paciente e que isso está previsto em lei.