Em outro momento, Rodrigo Garcia (PSDB) disse que São Paulo “paga até hoje a crise que o PT deixou no governo federal”, em resposta a Haddad, também falando que a capital paulista ficou paralisada durante a gestão do petista. “Tanto é que teve cartão vermelho”, disse o tucano. Além de Lula e Bolsonaro, o nome do ex-governador João Doria (PSDB) também foi citado algumas vezes durante o debate. Em uma delas, Tarcísio questionou “onde estaria” o tucano, que desistiu da vida pública e de concorrer à presidência da República por falta de apoio do próprio partido. A despeito do embate, Rodrigo Garcia negou o apadrinhamento político e, em diversos momentos, se colocou contrário à polarização no Brasil e ao confronto direto com os concorrentes. “São Paulo não quer ir para direita ou esquerda, São Paulo quer ir para frente”, disse, citando inúmeras vezes que o Estado “quer paz” e não que a polarização nacional traga reflexos no Estado. “É a briga política que só está prejudicando vocês. Não quero essa briga para São Paulo, quero que São Paulo tenha paz para continuar trabalhando e seguindo em frente.” Além de Haddad, Tarcísio e Garcia, outros dois candidatos participaram do debate: Vinícius Poit (Novo) e Elvis Cezar (PDT).
Rodrigo Garcia
O primeiro candidato a se apresentar, seguindo sorteio prévio, foi Rodrigo Garcia, atual governador de São Paulo, que desejou uma campanha “limpa” no Estado e exaltou que a sua proposta é manter as conquistas que vêm transformando a região. “Não estou para falar do passado, nós temos que olhar para frente. Temos muitos desafios em São Paulo que conseguimos resolver com as nossas ações e desafios que vão depender se o Brasil crescer nos próximos anos. Estou aqui para defender São Paulo, cuidar de São Paulo e ajudar quem vive”, mencionou. Embora tenha buscado evitar o confronto com os oponentes, o tucano foi principal alvo dos adversários, recebendo críticas à gestão de temas relacionados à saúde, educação e segurança pública, principalmente. Em suas oportunidades, ele reconheceu que a “segurança é uma guerra permanente” e que o Estado tem pontos a melhorar, como a situação da Cracolândia, mas disse não “fechar os olhos” para os problemas. Entre os temas abordados estão: PoupaTempo, obras inacabadas, hospitais, educação e alfabetização e o Rodoanel. Questionado sobre seu antecessor, João Doria, o atual governador negou apadrinhamento e rebateu as provocações. “Não estou aqui para arrumar confusão e briga”, concluiu.
Tarcísio Gomes de Freitas
Candidato apoiado pelo presidente Bolsonaro, Tarcísio fez sua apresentação com um agradecimento a Deus. Nos seus discursos, ele falou sobre capacitação profissional, violência contra mulher, privatização, obras, ações feitas à frente no Ministério da Infraestrutura e programas habitacionais. No aspecto da educação, o candidato reforçou as dificuldades do Estado, citando falta de professores, novo ensino médio sem itinerários formativos e prejuízos da pandemia. “Precisamos recuperar o tempo perdido e isso vai envolver combater a evasão escolar e tudo isso tem a ver com política de transferência de renda e assistência à família”, afirmou, prometendo criar o programa Jovem Aprendiz Paulista, se eleito. “Tenho certeza que vamos conseguir melhorar. Não é possível que São Paulo tenha 90% dos alunos sem proficiência em português e matemática. Se não der as ferramentas e competências, os jovens não terão esperança.” O ex-ministro foi questionado por Vinícius Poit sobre seus padrinhos políticos e seu recente alinhamento com Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados que foi condenado por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro não respondeu sobre a influência do ex-deputado e afirmou apenas que deve escolher nomes técnicos para o governo.
Vinícius Poit
Assim como Freitas, Vinícius Poit também falou sobre temas relacionados a violência contra mulheres, assédio, empreendedorismo na educação e iniciativas para os empreendedores. Em suas falas, a principal crítica foi direcionado ao Fundão Eleitoral, citando em diversas ocasiões melhorias que poderiam ser entregues ao Estado com o valor dos recursos. “Meu partido é o único que não usa o seu dinheiro [cidadão] para fazer política. […] Com R$ 350 milhões a gente zerar a fila [da saúde]. Por que não pegar o Fundão e zerar a fila da cirurgia. Qualquer um dos quatro [candidatos] pode fazer isso”, disse o candidato. Ao ser questionado sobre fome e desigualdade social acentuada na pandemia, com 18% da população de São Paulo abaixo da linha da pobreza, Vinícius defendeu a existência de programas sociais, mas lembrou que é preciso “dar o peixe, dar a vara, criar o ambiente de pescaria e deixar a pessoa saber se virar”. “A gente precisa dar o peixe, mas tem que dar liberdade, dignidade para essas famílias para sair dessa e não ficar dependendo do Estado”, defendeu, falando em propostas de assistência social com desenvolvimento social.
Elvis Cezar
Por sua vez, Elvis Cezar relembrou programas e ações que desenvolveu enquanto prefeito de Santana da Parnaíba e falou sobre propostas para seu governo: como investimentos na Guarda Municipal e segurança pública, maior reconhecimento dos policiais militares e civis, “Mutirão da Saúde” e nenhuma obra parada ou inacabada. Sobre a Cracolândia, o candidato reforçou que é um problema do governo estadual e prometeu tratar o tema com a mesma eficiência que fez no município. “Estou preparado para fazer um movimento pela educação em São Paulo, para fazer saúde com eficiência e que cuide das pessoas sem filas sem falta de remédios. Quero fazer segurança pública que dê dignidade que o cidadão paulista merece, que possa sair com celular sem medo de ser assaltado, quero eliminar a fome e combater a pobreza em São Paulo”, defendeu Elvis Cezar. Ele integra o palanque político de Ciro Gomes (PDT) no Estado.
Fernando Haddad
O último a fazer a apresentação foi Fernando Haddad. Durante as suas falas, o ex-ministro fez muitos acenos ao seu mandato à frente da Prefeitura de São Paulo e exaltou a importância da educação, tema central dos seus discursos. “É cuidar das pessoas, das nossas crianças e jovens que não têm a educação que merecem, os idosos que não têm saúde que merecem e os trabalhadores e trabalhadoras que não têm a segurança que merecem”, disse o petista. Ele também se posicionou “absolutamente contra” uma possível privatização da Sabesp, ao ser questionado sobre o novo marco legal do saneamento, afirmando que o valor da tarifa aumentaria, sem reflexos positivos na prestação de serviços. “Sabesp é água e água é essencial. Não se vende o que é essencial”, defendeu. Ao longo do debate, Fernando Haddad fez críticas aos governos do PSDB em São Paulo, citando cerca de 1 mil obras inacabadas, problemas com a saúde e educação básica, por exemplo. No entanto, o ex-ministro foi cuidadoso ao não mencionar o nome de Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador do Estado e ex-tucano, que agora é candidato a vice-presidente na chapa com Lula. Vaiado por parte da plateia , ele afirmou que, se eleito, vai aumentar o salário mínimo em São Paulo para R$ 1.580, a partir de 1º de janeiro de 2023. “Estamos com o melhor time para transformar SP”, concluiu.