Um jovem de 28 anos foi encontrado morto horas depois após ser filmado sendo colocado em uma viatura da Polícia Militar, em Goiânia. Um vídeo registrado por câmeras de segurança mostra o momento em que o Henrique Alves Nogueira é colocado pelos agentes dentro da viatura, a Polícia Militar afirmou que determinou o afastamento dos policiais militares de suas funções e a abertura de um inquérito interno para apurar a conduta dos agentes. Já o advogado que representa a família, Alan Araújo Dias, que também é vice-presidente de prorrogativas da Seção Goiás da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), afirma se tratar de um caso de execução e que o laudo da morte de Henrique constava sinais de tortura, além dos tiros. O caso aconteceu na quinta-feira (11). Segundo o delegado responsável pelo caso, André Veloso, o homem foi colocado na viatura por volta de oito horas da manhã e a delegacia de Homicídios foi acionada às dez da noite do mesmo dia pela mesma viatura para uma ocorrência de um suposto confronto com a Polícia Militar. "A versão deles [policiais] é que eles estavam andando ocasionalmente, se depararam com uma moto, pediram para parar, o motociclista fugiu e o carona confrontou a equipe, mas tivemos acesso a imagens que comprovam que, ao invés desse confronto, ele foi abordado e colocado no interior da viatura", disse o delegado.
Abordagem policial
Segundo a polícia, a abordagem pela manhã aconteceu no Setor Jardim Europa e o suposto confronto, onde o homem foi encontrado morto, foi no Jardim Real Conquista, em uma estrada de terra.
Agora a polícia apura o que aconteceu entre o momento em que ele foi colocado na viatura e o momento em que foi encontrado morto. Durante a ocorrência policial, o delegado explica que os agentes afirmaram que Henrique estava com uma mochila nas costas em que foi encontrada uma grande quantidade de drogas.
No entanto, a Polícia Civil explica que, no vídeo registrado por câmeras de segurança, que mostra abordagem, a vítima não portava nenhum dos objetos apontados.
"Na abordagem deu para ver que ele não estava com mochila nenhuma, não estava armado e não estava portando essas drogas. Ele estava sozinho, eles fazem a revista pessoal dele e o colocam no camburão", explicou o delegado.
"Essa foi a última vez que ele foi visto com vida", completou André.
No registro policial em que os policiais militares detalharam o suposto confronto, foi explicado ter sido encontrado na mochila:
- 3 barras e meia de substância similar à maconha;
- 70 papelotes de substância similar à cocaína;
- 38 papelotes de substância similar à excstase;
- 46 papelotes de substância similar à crack;
- 2 pedaços de crack;
- 3 pedaços de cocaína;
- 1 rolo de papel filme.
- O advogado que representa a família, Alan Araújo Dias, afirmou que no momento da primeira abordagem, Henrique havia acabado de deixar o carro em uma oficina. Segundo o delegado, os familiares passaram o dia tentando entrar em contato com a vítima e a noite registraram uma ocorrência de desaparecimento.
A polícia explica que Henrique tinha passagens pela polícia por tráfico e roubo e, de acordo com o advogado, atualmente trabalhava como autônomo de serviços gerais. Ele deixa uma esposa e um filho de 4 anos.