As escolas estaduais de Jundiaí estão sem equipe de limpeza, que são terceirizadas, há pelo menos 15 dias e a sujeira se acumula nas salas, pátios e, principalmente, nos banheiros. Diretores, professores, alunos e pais estão revoltados com a situação, considerada "absurda" e uma questão de "saúde pública". Em algumas unidades escolares, os próprios alunos têm ajudado a limpar as salas de aula e até lavar os banheiros.
A reportagem conversou com professores de várias escolas estaduais da cidade e todos confirmaram que estão na mesma situação. O professor Marcelo Costa Garcia trabalha na rede estadual há 20 anos e afirma que nunca viu uma situação como esta.
"Estamos saindo de uma pandemia, não podemos correr riscos. Além disso, há outras doenças que podem ser transmitidas com a sujeira", diz, completando: "O chão da cozinha onde a gente almoça e os banheiros estão imundos. Alguns alunos limparam esta semana. Caso contrário, estaria um caos".
Garcia comenta que, inclusive, entrou em contato com a vigilância sanitária da cidade, mas não teve sucesso. "Me disseram que só fiscalizam as escolas municipais", destaca o professor, eximindo a escola da culpa, já que a contratação da empresa de limpeza é responsabilidade da Secretaria de Educação do Estado.
Outra professora da rede estadual, que prefere não se identificar, explica que escolas que têm o dinheiro da Associação de Pais e Mestes (APM) estão contratando o serviço diretamente. Apesar de não ser o suficiente para manter a escola limpa diariamente, isso tem ajudado a reduzir a precaridade.
"Mas não dá pra ficar numa imundice trabalhando. Escola que não tem dinheiro não consegue contratar. E todo dia o aluno tem de varrer a sala, senão fica suja nos três períodos. Estes dias teve aluno que até lavou o banheiro. É um absurdo", desabafa a professora.
Mãe de uma aluna da escola estadual do Almerinda Chaves, Sonia Aparecida Pedroso conta que esta semana sua filha teve de ir mais cedo para casa porque não conseguiu usar o banheiro, que está trancando por causa da falta de limpeza.
"Não quiseram abrir e ela teve de ir embora. Inclusive, o pessoal está tendo problema para ter aula por causa do cheiro do banheiro", diz a mãe, inconformada com a situação. "Minha filha faz um curso técnico a tarde e vai direto para o colégio. Como pode ficar sem ir ao banheiro", questiona.
E a filha Sara, de 16 anos, lamenta: "Nossa escola está sem lavar os banheiros há duas semanas e o que a gente faz é varrer a sala no final da aula".
A Secretaria da Educação do Estado informou que o serviço de limpeza foi normalizado hoje (15), por uma nova empresa que assumiu o contrato de forma emergencial. "Devido a situação, os banheiros foram fechados e quando o aluno solicitava a utilização era permitido o acesso", diz a nota, ao contrário da declaração de uma aluna.
A situação precária com empresas de limpeza não é novidade. No início deste ano, escolas estaduais das zonas norte e leste da capital paulista também sofreram com a falta de funcionários para fazer a limpeza dos ambientes.
Em outubro de 2021, alunos de escolas estaduais da zona norte e de Guarulhos, na região metropolitana, tiveram que voltar ao ensino remoto na semana em que as aulas presenciais se tornaram obrigatórias também devido à falta de funcionários de limpeza.