Com uma placa na fachada que, além de carregar o nome 'A. A. Ipiranga', também carrega a data de fundação do clube, de 1920, o prédio na avenida São Paulo, na Vila Arens, está fechado desde 2019. Mesmo com pouco tempo após o encerramento das atividades, o prédio do extinto clube já está bastante depredado e teve a entrada incendiada há alguns dias. Levado a leilão pela Justiça do Trabalho, o prédio, avaliado em R$ 5,6 milhões, com lance inicial de R$ 2,8 milhões, não teve lances até esta segunda-feira (19), quando o certame seria encerrado.
A causa que fez com que o prédio seja penhorado é do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT15), na qual cinco pessoas pedem R$ 25,8 mil ao clube, e a autuação ocorreu em maio de 2019, meses antes do encerramento das atividades do Ipiranga. Nestes quase três anos do fechamento, a vizinhança já sentiu bastante diferença com relação ao abandono do prédio e deseja que a situação seja o quanto antes resolvida.
O Jornal de Jundiaí tentou contato telefônico e eletrônico com a Picelli Leilões, responsável pelo leilão, para falar sobre o fim do certame, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
PROBLEMA
Comerciante, Antonio Gimenez, vizinho do prédio, conta que o espaço é ocupado por pessoas em situação de rua. "O prédio está totalmente abandonado, moradores de rua entram, fazem algazarra e vão embora. Até que se faça o leilão, fica nessa situação. Não cheguei a frequentar o clube, mas tem uma história em Jundiaí, é muito antigo."
Para ele, o leilão seria uma forma de segurança. "Quanto antes o prédio for leiloado, melhor. O leilão demorou, mas seria muito importante para a Vila Arens, moradores e comerciantes, se resolvessem o mais rápido possível. O prédio faz fundo com o Clube Nacional, que também está abandonado, então imagina o tamanho da área", diz.
Também comerciante vizinho ao clube, José Luiz Ruocco quer que uma providência seja tomada. "Já que o clube tem dívidas com a prefeitura, por que a prefeitura não assume? O melhor agora seria fechar com um muro a frente toda do clube. Quando pegou fogo, chamamos bombeiros, mas demorou. Nós que tivemos que apagar. Do jeito que está, é só problema", lembra ele sobre o fogo recente que consumiu parte da fachada.
Também proprietário de um comércio próximo ao Ipiranga, Carlos Marques vê o prédio vazio como problema. "Está atraindo marginais, todo tipo de pessoa. Querem roubar fios, peças de cobre, há uma série de furtos. À noite eles andam pelos telhados, invadem residências. De dia ficam perambulando e pedindo ostensivamente. Às vezes você está atendendo e pedem ao cliente, falam 'é por isso que a gente rouba, vocês não dão'."
Na avenida São Paulo, que tem muitos comércios e movimento, o prédio quase fantasma chama atenção. "Se o prédio tem dono, o dono precisa tomar providência. Se não tem dono, é da comunidade e a prefeitura tem que tomar uma providência. Ambos os clubes têm piscina, o Ipiranga e o Nacional. O que tem de mosquitos e pernilongos aqui", reclama Marques.