A morte do ciclista Jean Felipe Dib Rezzaghi, de 31 anos, atropelado na manhã do último domingo (18), na Estrada Municipal do Pinheirinho, causou comoção em Jundiaí e revolta por parte de grupos de ciclistas que pedem ações mais efetivas. Um plano cicloviário seria uma saída para evitar imprudências e mortes.
"Além da falta de uma estrutura cicloviária mínima, as ruas são cheias de buracos e ainda temos que enfrentar motoristas que não respeitam ciclistas e pedestres e que abusam da alta velocidade no trânsito", relata o comunicador visual Roberto Fernandes Gonçalves, ciclista e representante do movimento 'Pedala Jundiaí' no Conselho Municipal de Política Territorial (CMPT) no segmento ONGs e coletivos.
Rezzaghi pedalava na estrada com sua esposa quando foi atropelado por uma caminhonete que vinha no sentido contrário. Em depoimento, o motorista admitiu que estava alcoolizado e com a carteira de habilitação vencida. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas concordou em fazer uma amostra de sangue para dosagem alcoólica. O autor foi liberado e a Polícia Civil agora investiga se houve invasão na pista de um dos lados.
De acordo com dados da Unidade de Gestão de Mobilidade e Transporte (UGMT), baseados no Infosiga, Jundiaí registrou uma morte de ciclista no primeiro semestre de 2021 e o mesmo número no período de 2022 em vias municipais. No cenário acrescido das rodovias, o número sobe para 2 em 2021 e 1 em 2022. Não há número de acidentes sem registros fatais nos indicadores da base de dados. A morte de Jean Felipe ainda não foi contabilizada no Infosiga.
IMPRUDÊNCIA
Para Gonçalves, a situação poderia ser bem melhor se o poder público tirasse do papel o 'Plano Cicloviário', previsto no plano diretor, que tem projetos de 174 km de ciclovias. "Seria importante ter políticas públicas voltadas à humanização do trânsito, como redução do limite de velocidade nas vias e implantação de trânsito compartilhado entre carros e bicicletas. Na semana do trânsito não tem uma ação sequer voltada para o respeito ao ciclista", lamenta.
A UGMT reforça que até o dia 25 deste mês, realizará ações específicas pela Semana Nacional do Trânsito, para a conscientização dos motoristas e pedestres sobre a necessidade de atenção e cuidado para a preservação da vida. Jundiaí conta com 174 km de novas ciclovias para a interligação dos bairros da cidade em projetos, que estão em fase de detalhamentos. Assim que encerrados, serão encaminhados para a licitação.
PEDALA JUNDIAÍ
O Pedala Jundiaí é uma manifestação jundiaiense de um Movimento Mundial que começou a tomar as ruas de São Francisco nos EUA, cujo objetivo é conscientizar as pessoas a utilizarem transportes alternativos, saindo do individualismo motorizado, afim de construir uma sociedade mais saudável e humana, buscando também o respeito dos motoristas com os ciclistas e das autoridades através do investimento em malha ciclável e sinalização adequada.
Pensando na conscientização o 'Pedala Jundiaí' instala bicicletas pintadas de branco nos pontos onde houve morte de um ciclista, as chamadas Ghost Bikes. Pontos como a avenida Frederico Ozanan (em frente ao Maxi Shopping), a rodovia dos Imigrantes e a Vila Arens possuem uma dessas bicicletas.
Gonçalves revela que de 2010 para 2021, 71 ciclistas perderam a vida no trânsito da cidade. "Em novembro de 2021 instalamos a última Ghost Bike, a da avenida Frederico Ozanan, em homenagem a Severino Ramos do Nascimento, o 'Seu Buiú', morto na via atropelado por um caminhão. Buiú utilizava a bike como meio de transporte e estava indo buscar uma ferramenta de trabalho quando tudo aconteceu. Agora estamos providenciando uma bike para homenagear o Jean", afirma.