Os candidatos Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), que disputam o Governo de São Paulo, participaram na noite de ontem (10) do primeiro debate do segundo turno da eleição. Em clima tranquilo, petista e bolsonarista discordaram em vários pontos, mas conseguiram apresentar propostas em várias áreas, especialmente segurança, saúde e educação, durante embate promovido pela Band.
O encontro começou com nacionalização dos debates, com críticas a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). O tema foi puxado por Tarcísio, que, ao questionar Haddad sobre segurança, lembrou da gafe de Lula ao afirmar que Bolsonaro não gosta de gente, mas de policiais. "O presidente Lula já se desculpou. Ele queria dizer milícia e não polícia", disse Haddad.
Tarcísio adotou discurso linha-dura, afirmando que acabou a era de tratar policial como suspeito e bandido como parceiro e reafirmou sua promessa de retirar as câmeras dos policiais, apesar dos bons resultados dessa política pública, segundo Haddad. "Tirar a câmera é uma coisa simbólica, que diz que o estado está amparando o policial", afirmou.
Citou, inclusive, temas que não são da alçada do governador, como a diminuição da maioridade penal e a proposta de acabar com as audiências de custódia de presos. Tarcísio também prometeu aumentar o combate à receptação de celulares roubados e furtados.
O candidato ainda se disse a favor da política de liberação de armas. "A gente quer devolver a cidade para o cidadão. Vamos trazer a ordem de volta."
Já Haddad criticou a flexibilização de posse e porte de armas e fez referência ao Rio de Janeiro, numa estratégia de associar Tarcísio a milícias. "Você acha que a solução é espalhar arma? Essa política não deu certo no Rio e não vai dar certo em São Paulo", disse o petista.
Haddad aproveitou críticas de Tarcísio para lembrar que venceu o primeiro turno na cidade de São Paulo. "Você me dá oportunidade de agradecer o povo de São Paulo, que me deu 44% dos votos, contra 32% seu", disse.
Tarcísio afirmou que Haddad não cumpriu promessas para a saúde e que a população tinha de tirar dinheiro do bolso para comprar remédio quando o petista era prefeito da capital paulista. "Ao contrário do governo federal, eu começo a obra e deixo dinheiro para o sucessor terminar", disse. "Eu dei um cheque para São Paulo de R$ 50 bilhões", retrucou o candidato do PT.
Haddad afirmou que Bolsonaro acabou com o farmácia popular e lembrou do corte de merendas. "Você está sabendo o que as crianças estão comendo na escola? É suco e bolacha, ou biscoito, como vocês chamam no Rio de Janeiro", disse.
Tarcísio disse que não vai faltar dinheiro para o farmácia popular e que a emenda do relator vai ser uma decisão do Congresso manter ou não. "Mas se não tomar essa posição, uma mensagem modificativa vai ser enviada pelo presidente ao Congresso para reestabelecer os valores da merenda escola e da farmácia popular", afirmou, frisando que vai dobrar o número de restaurantes populares Bom Prato em São Paulo.
SEDE DO GOVERNO
Em outro momento, os candidatos discordaram sobre a proposta do bolsonarista de levar a sede do governo paulista para o centro de São Paulo. "Quando você leva o poder pro centro, você fica comprometido com o problema", disse Tarcísio, que, ao falar do assunto, chamou o bairro dos Campos Elíseos de Campos dos Elíseos.
Haddad afirmou ser contra a proposta, dizendo que o palácio seria caro e o centro necessita de morador. "É prioridade recuperar o centro de São Paulo, está abandonado há praticamente há seis anos. Hoje você tem o triplo de pessoas em situação de rua", disse.