No termo de declaração registrado nesta quarta-feira (26), o servidor contou que recebeu um email da rádio JM Online, em que a rádio admitiu que, entre os dias 7 e 10 de outubro, havia deixado de repassar em sua programação cem inserções da Coligação Pelo Bem do Brasil, do presidente Jair Bolsonaro.
O caso foi relatado para a chefe de gabinete do secretário-geral da presidência do TSE, Ludmila Boldo Maluf. Em seguida, cerca de 30 minutos depois, Alexandre diz ter sido informado que estava sendo exonerado, "porém não lhe foi informada a motivação da exoneração".
Segundo relatou Machado, ele foi conduzido por seguranças para fora do prédio do TSE e foi obrigado a entregar o crachá de servidor. Segundo ele, desde 2018 tem informado reiteradamente ao TSE que existem falhas na fiscalização e no acompanhamento das inserções de propaganda gratuita.
Alexandre Gomes Machado foi exonerado do cargo que ocupava na Secretaria Judiciária da Secretaria-Geral da Presidência do TSE nesta quarta-feira (26). Ele é analista judiciário do Tribunal Regional Eleitoral do DF desde 2010, mas foi realocado no TSE em 2014, onde era coordenador do pool de emissoras.
A Desculpa do TSE
TSE informou que se trata de uma exoneração normal, sem relação com o episódio relatado pela campanha de Bolsonaro, e que, desde que assumiu a presidência do TSE, Alexandre de Moraes vem fazendo mudanças pontuais na equipe.
A reportagem também tenta contato com Alexandre Gomes, mas não recebeu retorno até a última atualização desta matéria.
Na segunda-feira (24), a campanha do presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve 154.085 inserções de rádio a mais do que o candidato do PL entre os dias 7 e 21 de outubro.
De acordo com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, uma auditoria detectou a distorção e uma denúncia foi protocolada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número representaria 18,24% a menos.
Cada inserção que não foi divulgada tem 30 segundos de duração. Segundo a campanha de Bolsonaro, os materiais que deixaram de ser veiculadas correspondem a 1.283 horas de conteúdos não exibidos. De acordo com a equipe do chefe do Executivo, o Nordeste foi a região com o maior percentual de inserções não divulgadas: 29.160.
"Nós estamos sendo cerceados, e agora o TSE vai investigar para saber por que as rádios fizeram isso, para saber de que forma foi feito isso. Isso é uma grave violação do sistema eleitoral", afirmou o ministro.
Na terça (25), a campanha do presidente apresentou ao TSE informações mais detalhadas de que emissoras de rádio não veicularam de forma igualitária as propagandas dos candidatos ao Planalto e que favoreceram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essas informações foram exigidas pelo presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes.