O prefeito de Betim (MG), Vittorio Medioli (sem partido), defendeu que o Nordeste seja separado do restante do Brasil, após o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer em todos os estados da região.
Em texto publicado no jornal O Tempo, do qual é dono, Medioli diz que a eleição mostrou que há "dois Brasis". "Um que produz mais e arrecada impostos, e outro, paradoxalmente mais carente, que vive das transferências. Dessa forma, a divisão territorial, por meio de um 'divórcio consensual', está com suas sementes se espalhando", escreveu o chefe do Executivo da cidade mineira, que fica na região metropolitana de Belo Horizonte.
Ele afirma também que "dar a Lula o que é de Lula e a Bolsonaro o que é de Bolsonaro" seria talvez a "única solução para resgatar a legitimidade ameaçada". O prefeito também demonstrou apoio às manifestações antidemocráticas que acontecem no país. "Com exceção do Nordeste, milhões de pessoas se aglomeram em frente aos quartéis do Exército procurando alternativas ao que não querem", declarou.
O prefeito é apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi derrotado com 49,1% dos votos, contra 50,9% de Lula. O presidente eleito obteve a maioria em 13 dos 27 estados brasileiros: todos os nove do Nordeste, além do Amazonas, Pará, Tocantins e Minas Gerais — estado de Medioli.
A lei n° 9.459, de 1997, prevê pena de um a três anos de prisão e multa para quem cometer discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Mesmo com a restrição, apoiadores do presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL) fazem comentários xenofóbicos contra o Nordeste desde o resultado do primeiro turno.
Apesar do movimento, foi no Sudeste que Lula mais ganhou votos em relação ao resultado do PT no primeiro turno de 2018, quando Fernando Haddad era o candidato do partido. Bolsonaro, por sua vez, avançou justamente no Nordeste, com 1,3 milhão de votos a mais. Medioli é dono do jornal O Tempo. Italiano naturalizado brasileiro em 1981, Medioli é prefeito de Betim desde 2017 e já foi deputado federal de 1991 a 2017. Além de político, ele também é dono do grupo Sada, composto por mais de 30 empresas de diferentes ramos, incluindo a Sempre Editora, que publica o jornal O Tempo.