Dois dias após o embaixador da Argentina, Daniel Scioli, relatar conversas sobre a criação de uma moeda única para o comércio no Mercosul com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o titular da pasta mostrou irritação ao ser questionado sobre o tema nesta quinta-feira (5), após a cerimônia de transmissão de cargo à ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB). "Não existe uma moeda única, não existe essa proposta, vai se informar primeiro", disse a jornalistas ao deixar o Palácio do Planalto.
Como o próprio Scioli já havia explicado na última terça-feira (3), o objetivo não é que os países-membros do Mercosul deixem de usar a própria moeda (o real, o guarani e os pesos argentino e uruguaio), mas criar uma moeda única para facilitar as transações comerciais entre eles, sem que precisem depender da conversão para o dólar.
Seria uma espécie de evolução do atual SML (Sistema de Pagamentos em Moeda Local), operado pelo BC (Banco Central).
No ano passado, Haddad e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo em que propunham o uso de uma moeda única no comércio sul-americano para impulsionar a integração na região e fortalecer a soberania monetária dos países do continente.
O instrumento único para transações no bloco não é uma ideia nova, e já foi defendida, inclusive, pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes.