Ao Quarta Instância, senadores afirmam que Alcolumbre adotou a estratégia de marcar as duas sabatinas juntas para facilitar as aprovações. Eles também avaliam que os cerca de 15 dias para a maratona do “beija-mão”, campanha que começa agora, serão suficientes para os indicados conquistarem apoio.
Dino e Gonet terão de fazer uma peregrinação pelos gabinetes dos senadores em busca de pelo menos 41 votos para tentar garantir a aprovação na Casa.
No Supremo, apesar de terem recebido a indicação de Dino com tranquilidade, reservadamente, alguns ministros preveem que o ministro da Justiça não terá vida fácil para ser nomeado. Pesa contra ele a “animosidade criada com senadores da oposição ao governo em razão do 8 de Janeiro”, lembra um ministro.
Dino é criticado constantemente por não ter compartilhado imagens do circuito de câmeras do Palácio da Justiça no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes.
Outro ministro lembra o que chama de “ativismo” nas redes sociais como um obstáculo para o candidato. “Ele gosta de falar nas redes… Polemizou um bocado, né?”, disse ao Quarta Instância.
É consenso entre os ministros que Dino terá dificuldade para conquistar apoio dentro da oposição, principalmente entre senadores mais conservadores. A recém-aprovada proposta de emenda à Constituição para limitar decisões individuais no Supremo é um termômetro, segundo outro ministro.
“Existe um núcleo com certa inclinação ao confronto com tudo o que cerca o STF, inclusive uma indicação”, lembra o magistrado.
Os integrantes da Corte avaliam, no entanto, que, apesar das animosidades, Dino foi eleito senador, embora não tenha atuado na Casa, já que atendeu ao convite de Lula para assumir a pasta da Justiça no início do governo.
“Será que ficaria bem rejeitarem um colega do Parlamento? Não me parece muito lógico”, questiona um ministro.
O fato é que interlocutores de Dino já começaram os contatos pelo núcleo mais duro do Senado. E o retorno não tem sido dos melhores até agora, segundo fontes ligadas ao ministro da Justiça.
Caminho mais fácil para Gonet
Já a indicação do vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, para chefiar o Ministério Público Federal é avaliada como possibilidade de “aprovação mais tranquila”, tanto por integrantes do Supremo quanto por senadores.
Gonet é visto como figura técnica, e, mesmo com o histórico de ter dado o parecer que culminou na inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não é taxado entre parlamentares mais radicais como agente político ou alguém ligado diretamente ao presidente Lula.
O próprio ex-procurador-geral da República endossou a indicação. Ao Quarta Instância, Augusto Aras disse: “Paulo Gonet é uma escolha acertada do presidente Lula. Gonet tem as qualidades necessárias para chefiar o Ministério Público, um dos cargos mais importantes da República. Como amigo e como brasileiro, torço para que ele tenha sucesso na nova missão”.
A campanha de Gonet também já começou. Hoje é dia de café com alguns senadores.