"Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à agência", reforçou o delegado.
Moretti foi diretor de Informação e Inovação da Abin a gestão de Jair Bolsonaro. No entanto, durante a troca de governo, foi promovido para ser o braço direito do diretor-geral da agência Luiz Fernando Corrêa, uma decisão do próprio novo comandante. Ao contrário de Moretti, Corrêa permanece na liderança da Abin.
No comunicado após a exoneração, Moretti agradeceu a confiança de Corrêa e a oportunidade de trabalhar por 33 anos na Abin. Ele também citou a transição da agência, que deixou de ser subordinada ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e passou a integrar a estrutura da Casa Civil. "Diversas medidas foram adotadas e muitas outras estão sendo implementadas pela atual gestão para a modernização da gestão da Agência, o que garantiu, inclusive, a citada apuração ampla e independente."
A Polícia Federal realizou nessa segunda (29) uma operação para investigar o monitoramento ilegal realizado pela Abin durante o governo Bolsonaro. O principal alvo foi o filho do ex-presidente e vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro.
Nove endereços, incluindo a casa e o gabinete do parlamentar na Câmara Municipal, foram alvos das buscas e apreensões. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Na última quinta (25), o deputado federal e ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem (PL-RJ) também foi alvo de busca e apreensão. O gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados foi um dos endereços visitados pelos agentes.
Os agentes apreenderam celulares e notebooks no apartamento funcional de Ramagem. A reportagem apurou que um notebook e um celular ainda pertencem à Abin. Os indícios são de que o deputado continuou recebendo informações de dentro da agência mesmo após deixar o comando do órgão.
Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de ferramentas de espionagem ilegal, como a First Mile, por servidores da Abin — entre elas, um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas.
A suspeita é de que os investigados usavam técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial.
Na época, a PF também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram US$ 171 mil em espécie na casa de um dos suspeitos, em Brasília.
Ramagem foi "convidado" a depor no dia da operação que teve ele como alvo, mas não compareceu para depor. Quando for intimado — ainda sem data prevista — ele terá 3 dias para prestar depoimento.
De acordo com pessoas ouvidas na cooperação, a ideia é deixar para intimar os suspeitos quando o inquérito já estiver mais adiantado e existirem mais indícios e provas colhidas.
A suspeita é de uso irregular de um sistema da Abin para monitorar autoridades brasileiras, jornalistas e advogados, esquema que começou a ser investigado em 2023. De acordo com a apuração, o programa First Mile permitia o monitoramento de milhares de pessoas — e teriam sido feitos 60 mil acessos a ele em dois anos e meio.
Segundo a PF, para acionar o sistema de geolocalização e ter acesso às informações das pessoas, bastava digitar o número do celular. A aplicação também criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
Entre os monitorados ilegalmente, estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Morais, além de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Nesta terça (30), Carlos foi até a PF prestar depoimento, mas referente a outra apuração. Trata-se de um inquérito motivado por uma postagem feita pelo vereador e considerada ofensiva pela corporação.
A PF intimou o assessor e advogado de Jair Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fabio Wajngarten, a prestar esclarecimentos no inquérito que investiga se o ex-presidente importunou uma baleia jubarte durante um passeio no litoral paulista.
Bolsonaro também é alvo de investigações sobre divulgação de notícias falsas sobre a vacina contra Covid-19, vazamento de dados sigilosos da PF, ataques às urnas e milícias digitais, suposta interferência na PF, autores intelectuais dos atos de 8 de janeiro e joias milionárias sauditas.
As operações Última Milha e Vigilância Aproximada, da Polícia Federal, investigam o suposto uso ilegal da estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para espionagem ilegal de adversários políticos da família Bolsonaro. Na mira dos agentes, entre outras pessoas, estão o ex-diretor-geral da agência Alexandre Ramagem e o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro.
A suspeita é de monitoramento ilegal de autoridades brasileiras, jornalistas e advogados, esquema que começou a ser investigado em 2023. Entre os monitorados ilegalmente, estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Morais, além de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados.
A operação da PF, que também mirou o militar do Exército Giancarlo Rodrigues, cedido à Abin durante o governo Bolsonaro, apura os destinatários das informações obtidas a partir do suposto esquema de monitoramento ilegal com sistemas da agência. Um computador que pertence à Abin foi apreendido durante a operação da Polícia Federal no endereço de Rodrigues. A esposa dele, que não é alvo da operação, é servidora da Abin em Salvador.
Segundo a PF, a nova operação avançou na apuração justamente desse núcleo político do suposto esquema, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente.