O aplicativo de mensagens Telegram publicou uma nova mensagem sobre o Projeto de Lei das Fake News, informando aos usuários que o texto crítico ap projeto, postado anteriormente, “caracterizou flagrante e ilícita desinformação atentatória ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário, ao Estado de Direito e à Democracia Brasileira”.
A nova mensagem foi publicada pela plataforma após a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que retirassem do ar a mensagem anterior.
No novo texto, o Telegram informa que a crítica “fraudulentamente, distorceu a discussão e os debates sobre a regulação dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada (PL 2630), na tentativa de induzir e instigar os usuários à coagir os parlamentares”. O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou, nesta quarta-feira (10), que a empresa apague a mensagem enviada aos usuários na terça-feira (9).
De acordo com o ministro, a empresa é “reincidente em práticas que, por ação ou omissão, permitem a proliferação criminosa de mensagens fraudulentas”. “Em decisão de 17 de março de 2022, este Supremo, diante de diversas recusas do referido serviço de mensageria privada em atender às ordens judiciais de remoção de mensagens com discurso de ódio e antidemocráticos, determinou a suspensão completa e integral de seu funcionamento”, disse Moraes.
Desta vez, entretanto, segundo o ministro, a situação foi "mais grave", pois foi a própria empresa que "produziu e veiculou a mensagem fraudulenta, sendo absolutamente necessária a imediata cessação da gravíssima lesão ao Estado democrático de Direito e sua reparação".
A decisão se deu após o aplicativo usar falsos argumentos para influenciar os usuários sobre o projeto em discussão no Congresso. A mensagem divulgada pela plataforma afirma, entre outras coisas, que o projeto vai "acabar com a liberdade de expressão" e "dá ao governo poderes de censura sem supervisão judicial".
A mensagem foi criticada por membros do governo, além de parlamentares. O relator do projeto, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), descreveu o ato do Telegram como "abuso de poder econômico". "É um escândalo para uma multinacional. Abusa da sua estrutura de mensagem e difunde mentiras sobre o Parlamento brasileiro. Querem colocar o Congresso de joelhos", declarou Silva.
A Secretaria Nacional do Consumidor informou que também notificaria o Telegram por causa da primeira mensagem divulgada pela plataforma sobre o projeto de lei.
Na terça-feira (9), o Ministério Público Federal em São Paulo deu prazo de dez dias ao aplicativo para prestar informações detalhadas sobre a mensagem enviada aos usuários. O MPF quer saber os motivos pelos quais o texto foi encaminhado, aparentemente, a todos os usuários da plataforma e o nome e endereço eletrônico dos responsáveis dentro da empresa que elaboraram a mensagem e decidiram pelo seu impulsionamento.