Lira e seus aliados reagiram imediatamente, classificando as falas de Haddad como uma afronta à autonomia de outro Poder e decidindo cancelar a reunião para debater o texto final da nova regra fiscal. O tema, claro, será debatido no tradicional almoço de líderes nesta terça-feira, mas a data da votação agora é incerta. Quando se deu conta do estrago, o ministro da Economia telefonou para Lira e tentou justificar suas declarações, alegando que foram dadas num “contexto de reflexão” sobre o fim do presidencialismo de coalizão e que não tinha intenção de criticar o comando da casa legislativa.
“Eu defendi durante essa entrevista que a relação pudesse ser mais harmônica para produzir melhores resultados. Tudo que tenho feito é dividir as conquistas do primeiro semestre com Legislativo e Judiciário. Longe de mim querer criticar a atual legislatura”, disse à imprensa, ao deixar a Fazenda. O mea-culpa foi uma exigência do próprio presidente da Câmara, que, na conversa com Haddad, repisou que orçamento é peça do Legislativo, “por isso se forma uma comissão mista, na qual deputados e senadores colocam seus pleitos para atender seus eleitores.” No Twitter, Lira foi ainda mais enfático ao escrever que “manifestações enviesadas e descontextualizadas não contribuem no processo de diálogo e construção de pontes tão necessários para que o país avance!”. “A PEC da Transição, a histórica aprovação da Reforma Tributária e a votação do Arcabouço Fiscal, votadas para e neste Governo, são legados deixados por uma Câmara dos Deputados comprometida com o país, seu progresso e desenvolvimento, como anseia o povo brasileiro.”