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Com Sandro Moraes

GERRA - ORIENTE MÉDIO

Facas e pistolas: como será a guerra contra o Hamas nos túneis de Gaza

O Exército israelense terá que recorrer a táticas de combate de mais de cem anos para vencer terroristas no subsolo

Publicada em 10/11/23 às 10:52h - 1495 visualizações

por TV & RÁDIO REGIONAL


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Imagem divulgada pelo Hamas mostra um de centenas de túneis usados pelos terroristas para atacar soldados de Israel  (Foto: TV & RÁDIO REGIONAL)

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, prometeu nesta quinta-feira (9) que as forças do país continuarão lutando contra o Hamas até resgatar o último refém. E, para isso, ele disse que há um grande desafio: entrar nos túneis que formam o “metrô de Gaza” e destruí-los sem prejudicar reféns que possam estar lá. Segundo ele, o Exército está desenvolvendo novos métodos e trabalhando em soluções, e acrescenta que isso "melhorará nos próximos dias."

Segundo um analista de segurança consultado pelo canal de notícias Al Jazeera, do Catar, a falta de avanço nos últimos dias mostra que a batalha mais difícil da cidade de Gaza, a subterrânea, ainda não começou de fato.

Alguns túneis podem ter sido identificados e destruídos à medida que as tropas avançavam, mas isso provavelmente é uma parte pequena, disse o consultor, que pediu para não ter sua identidade revelada.

Ele acrescentou que, para entrar nos túneis, as forças israelenses terão que recorrer a práticas militares de décadas atrás e há muito esquecidas para contornar os desafios de combater no subsolo. Veja a seguir os desafios que Israel terá que superar para levar os reféns de volta para casa.

Entrando

A primeira parte das operações subterrâneas será lenta, pois consiste em mapear entradas e a rede dos terroristas. Isso já seria complicado se os túneis estivessem vazios. Mas, como eles estão cheios de terroristas, a tarefa será ainda mais difícil.

Outro problema é que a tecnologia de ponta usada por Israel em cima da terra é praticamente inútil debaixo de Gaza — e a estimativa é que o metrô de Gaza tenha até 500 km de extensão.

A solução provavelmente será usar dispositivos que combinam sensores magnéticos, não afetados ao irem sob a terra, e sensores de movimento, como os usados em contadores de passos. Um sistema rudimentar e impreciso, mas melhor do que nada.

Sobrevivendo

Uma vez dentro do túnel, os soldados provavelmente operarão com óculos de visão noturna. Rádios também não funcionam debaixo da terra, então será preciso recorrer a telefones de campo — com fio —, tecnologia de mais de cem anos atrás.

Os soldados desenrolarão fios, conectando-os enquanto avançam, retardando ainda mais o avanço. Mesmo que não encontrem resistência do Hamas, eles terão que parar em cada junção e avaliar para onde os ramos os levam.

Mas isso é completamente impossível: o Hamas certamente se preparou para oferecer uma resistência feroz.

A maioria dos túneis provavelmente contém armadilhas com dispositivos explosivos improvisados, que podem ser conectados a detonadores remotos ou acionados por detonadores especializados que reagem a luz, vibração, ruído, movimento e até mesmo a aumento da concentração de dióxido de carbono quando as pessoas estão presentes.

Os túneis estão repletos de fios e cabos que transportam eletricidade, internet, telefones e linhas militares. O Hamas pode ter dispositivos de observação e detecção que permitam saber onde os israelenses estão, para que possam explodir cargas remotamente naquele local exato.

Os israelenses não podem simplesmente cortar todos os fios, porque as explosões em túneis confinados são muito mais mortais do que na superfície. Elas se espalham mais e sugam o oxigênio, de modo que aqueles que sobrevivem à explosão inicial frequentemente se sufocam.

O Hamas também pode acender compostos incendiários que privam os ocupantes de oxigênio e se espalham como incêndios de alta velocidade ou criam fumaça densa e muitas vezes tóxica. Isso manteria os túneis em grande parte intactos, permitindo que os combatentes palestinos os usem depois de expulsar o inimigo.

Combatendo

A luta urbana é difícil e exige conhecimentos e equipamentos específicos; o combate em túneis é ainda mais desafiador e especializado. Armas comuns são muito grandes para ser usadas em espaços confinados.

Armas de fogo menores também são inúteis: ao atirar no escuro, o flash de um disparo cega os soldados por um tempo. O mais provável é que os israelenses carreguem armas de menor calibre com silenciadores, nem tanto para diminuir o ruído, mas para evitar os flashes do disparo.

Granadas de mão e granadas de fuzil quase certamente estão fora de questão, assim como qualquer tipo de lança-foguetes. Granadas de atordoamento também, pois podem causar problemas tanto aos terroristas do Hamas quanto aos soldados das FDI.

O certo é que eles estarão equipados com armas usadas há séculos, como facões e facas de combate — com certeza haverá muitos combates corpo a corpo no subsolo de Gaza.

Destruindo

Engenheiros de combate israelenses anunciaram que estavam testando uma "bomba-esponja", um dispositivo que contém duas substâncias químicas que criam espuma de expansão rápida.

A ideia é criar instantaneamente um plugue de concreto duro para bloquear os túneis, mas houve problemas em seu uso, e não está claro se a bomba-esponja está pronta para ser implantada.

No fim, o objetivo será destruir todos os túneis. Acredita-se que serão necessários meses para acabar de uma vez por todas com a estrutura subterrânea. E, antes disso, será preciso primeiro vencer a guerra no “metrô de Gaza”. Algo que também levará tempo.




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