O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tem sofrido com os constantes trotes recebidos diariamente. Em Jundiaí, são em média, 10 ligações falsas por dia, o que significa uma média de 300 por mês, sendo a maioria por crianças. "Isso é muito grave, pois na medida que você passa um trote, a linha fica travada. Temos três linhas e, se uma fica ocupada com um trote e as outras duas com situações reais, a terceira pessoa que está precisando não consegue falar. Só quem já passou por uma situação de emergência sabe o desespero que é não conseguir ser atendido", explica o coordenador do Samu, Mário Jorge Kodama.
Para tentar diminuir os índices, a equipe possui alguns mecanismos que ajudam a identificar o trote, entre eles, perguntas-chaves sobre a ocorrência. "Perguntamos se a pessoa está ao lado da vítima, o que ela está sentindo, se está consciente ou não. Conforme essas perguntas são feitas geralmente conseguimos identificar os trotes, pois sempre é um endereço inexistente, um ponto de referência que não fica naquele endereço, risadas e informações fora de contexto", conta.
Apesar dos mecanismos, existem raras situações em que o trote é muito bem arquitetado, fazendo com que a equipe e a ambulância se desloquem para a ocorrência falsa. "Uma vez atendi uma ocorrência onde falaram que uma senhora estava passando mal, com dor no peito e perdendo os sentidos, julgamos que poderia ser um infarto e deslocamos a equipe. O endereço existia, a casa existia e em frente a casa tinha um terreno baldio, com algumas crianças rindo do Samu", relata o coordenador.
FÉRIAS
Em Jundiaí, quem mais passa trotes são as crianças, apesar de adolescentes e adultos também cometerem o ato. Os registros de trotes aumentam durante as férias escolares. "Como o 192 é um número gratuito, é possível entrar em contato por qualquer telefone e isso acaba facilitando o acesso ao serviço. A educação é uma ferramenta valiosa e precisa ser passada desde cedo", afirma o coordenador médico.
LEI
Passar trote não é uma conduta prevista de forma específica no código penal, mas a depender da intenção do agente que passa o trote, do conteúdo da ligação e das consequências dela, poderá ser enquadrada em algum dos crimes.