Aqui na Argentina, a maioria das pesquisas errou. Elas mostravam que Javier Milei, o vencedor das eleições primárias, continuava na frente e que a diferença entre os três primeiros era pequena. Nas urnas, a diferença de Massa para Milei foi de quase 7 pontos percentuais, e do primeiro para a terceira, de 13 pontos.

Outra importante constatação é a força do peronismo e de sua máquina partidária. Entre as primárias em agosto e ontem, Sergio Massa teve 3 milhões a mais de votos, quase metade deles obtida em Buenos Aires.

Apesar da força do peronismo, o resultado é uma surpresa porque o atual governo chega às eleições muito desgastado, com a economia em destroços e com um presidente que não disputou a reeleição e não pôde subir ao palanque. Mas Massa tem demonstrado habilidade e dado sinais de que pode emplacar um discurso de esperança por dias melhores.

Já o até então favorito Javier Milei, entre as eleições primárias e ontem, conseguiu 770 mil votos a mais. O resultado não foi o esperado, mas não é possível dizer que ele é o derrotado do primeiro turno.

Em dois anos, o ultraliberal conseguiu implementar na cabeça de 30% dos eleitores argentinos ideias totalmente diferentes das que o povo deste país está acostumado a ouvir. Por outro lado, é grande o desafio que Milei precisa enfrentar para chegar à Casa Rosada, sede do governo argentino. O candidato precisa tirar uma diferença de quase 7 pontos percentuais.

A grande derrotada do primeiro turno foi Patricia Bullrich. A ex-ministra de Segurança, que representa os conservadores, teve 23% dos votos, mas perdeu eleitores entre ontem e as primárias de agosto. Foram menos 440 mil votos. Além disso, ela ficou muito atrás de Massa e de Milei, outro erro das pesquisas.

Apesar da derrota da ex-ministra de Maurício Macri, ex-presidente da Argentina, ela terá um papel fundamental no segundo turno. O apoio de Patricia Bullrich será fundamental para Milei. A oposição só tira os peronistas do poder se estiver unida. Esse é mais um recado das urnas.