A oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula um pedido de impeachment contra o presidente devido às suas falas comparando a ofensiva de Israel contra o Hamas ao Holocausto, como ficou conhecido o massacre de 6 milhões de judeus pelo exército nazista na Segunda Guerra Mundial. No último domingo, 18, durante sua visita a Adis Adeba, na Etiópia, Lula chamou de “genocídio” a operação das forças armadas israelenses na Faixa de Gaza. “Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre soldados altamente preparados contra mulheres e crianças. O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus.” A declaração gerou uma crise diplomática entre Brasil e Israel, que embasa a peça que pede a deposição do presidente. O governo do premiê Benjamin Netanyahu declarou o chefe do Executivo brasileiro “persona non grata”. Criadora do pedido de impeachment, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) argumenta que o petista cometeu “ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade”.
Até agora, 113 deputados assinaram o pedido. A maioria dos signatários é do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Figuras proeminentes da oposição aparecem na lista, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Nikolas Ferreira (PL-MG), Carlos Jordy (PL-RJ), Gustavo Gayer (PL-GO) e Bia Kicis (PL-DF). Há também a presença de parlamentares de partidos que compõem a base governista: 2 do PSD, 3 do MDB, 4 do Republicanos, 12 do PP e 12 do União Brasil. Oficialmente, o governo não demonstra preocupação. Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais — ou seja, que cuida da articulação política —, disse que a tentativa da oposição de tirar Lula da cadeira presidencial “não vai progredir”.