A população da Região Metropolitana de Jundiaí (RMJ) é 5,2% maior do que o estimado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com os dados prévios do Censo 2022, a região tem 878.678 habitantes. O estimado em 2021 pelo IBGE era de 835.251. Já entre o último Censo, de 2010, e o do ano passado, a população da RMJ cresceu 25,7%. Na última edição, eram 698.724 habitantes nos sete municípios.
Entre as cidades da RMJ, cinco tiveram aumento da população e duas tiveram queda no comparativo com a estimativa. Em ordem, estão Jarinu (+29,28%), Itupeva (+13,03%), Jundiaí (+7,70%), Louveira (+4,94%), Várzea Paulista (+0,63%), Campo Limpo Paulista (-5,85%) e Cabreúva (-10,15%).
IMPLICAÇÕES
Economista, Gildo Canteli acredita que os municípios que tiveram queda na população precisam pedir que o IBGE reavalie os dados, pois população é um critério para destinação de recursos. "Alguns municípios da Região tiveram queda: Cabreúva e Campo Limpo. Só que a queda de Cabreúva foi um absurdo e pode prejudicar o município no FPM [Fundo de Participação dos Municípios], que vem do Governo Federal e é baseado na arrecadação do IPI e Imposto de Renda. É uma receita razoável para os municípios e a queda do coeficiente pode causar queda nas transferências. No ICMS, a população tem peso em 13% do cálculo, então, se a população cai, o município também perde no ICMS."
Canteli também diz que os dados mostram a realidade populacional dos municípios. "Várzea tem área pequena e já está densamente populada, então o crescimento é menor, não tem mais espaço. Os outros municípios podem crescer mais. A área de Jarinu, por exemplo, é quase seis vezes maior que a de Várzea, e a tendência de crescimento é grande", avalia.
O economista lembra que quanto maior a população, maiores são os desafios. "Tendo mais população, os problemas são gigantescos, mas é impossível impedir que alguém do interior saia de lá e venha para Jundiaí ou Cajamar, onde tem emprego. Então a população cresce, não tem jeito."
ECONOMIA
Gildo Canteli usa Sorocaba, que hoje é a segunda cidade mais populosa do Interior, como exemplo para mostrar que Jundiaí tem crescimento econômico maior. "Vi falarem de Sorocaba, que foi para mais de 700 mil habitantes, mas em taxa de crescimento, cresceu menos que Jundiaí. Sorocaba cresceu 42,8 mil habitantes, a taxa foi 6,16%. Jundiaí cresceu 7,7%, são 32.854 habitantes a mais. A taxa de crescimento superou a de Sorocaba. O PIB de Jundiaí tem quase R$ 32 bilhões de arrecadação da Indústria, Sorocaba tem R$ 22 bilhões. O PIB per capita de Jundiaí é R$ 121 mil, de Sorocaba é R$ 53 mil. Jundiaí tem 382 pessoas com carteira assinada a cada mil habitantes, Sorocaba tem 283. Economicamente, Jundiaí é mais forte."
Já com relação à região, para Canteli, os dados mostram que uma reforma tributária se faz necessária. "Na região, o maior sacrificado é Várzea Paulista, porque tem população grande e arrecadação pequena, então precisa mudar a arrecadação. Inclusive, com a reforma tributária, talvez o ICMS mude e seja de acordo com a população. Quem paga ICMS é o consumidor final, a empresa só embute no produto o valor, mas hoje o ICMS dá peso de 75% para o valor de produção das empresas e 13% para a população, totalmente errado", diz o economista sobre a falta de equidade na distribuição de recursos no país.
Na comparação com o último Censo, de 2010, Jundiaí teve aumento populacional de 24,2%; Cabreúva teve alta de 10,4%; Campo Limpo Paulista aumentou 9,8%; Itupeva aumentou 62% no comparativo com 2010; Jarinu teve alta de 69% na população; Louveira cresceu 44,1%; e, Várzea Paulista, 16,7% no período de 12 anos.
JUNDIAÍ
De acordo com o gestor de Governo e Finanças da Prefeitura de Jundiaí, José Antonio Parimoschi, a cidade é uma das principais economias do país e está na 6ª posição entre os municípios paulistas, dada sua localização estratégica e sua vocação industrial e de serviços. "Os dados atualizados pelo IBGE até o presente momento, apontam que Jundiaí chegou a 460 mil habitantes, porém, sem demonstrar a quantidade de migrações ocorridas nessa última década, que pode ter sido potencializado pela fuga das pessoas dos centros urbanos para cidades do interior, no período da pandemia", declarou. "Contudo, é importante destacar que o município tem em sua base de planejamento, um plano diretor que norteia o desenvolvimento urbano e um conjunto de planos setoriais – nas áreas de saneamento, mobilidade, educação, saúde, entre outras áreas, que projetam as necessidades de investimentos nessas áreas para suportar o crescimento populacional ao longo dos anos, para que sejam mantidos os fatores ligados ao desenvolvimento sustentável da cidade, preservando a qualidade de vida dos moradores. Além disso, o aumento da renda per capita medida pelo PIB (uma das principais medidas de desenvolvimento econômico, IBGE, 2020), apontam para um crescimento acima da taxa de aumento da população."