A polícia encontrou na tarde desta quinta-feira (29) o corpo do maquinista Ricardo de Oliveira Dias, 45, apontado como suspeito de ter matado um colega da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e de ter ferido outro, no fim de semana. O corpo, com um tiro na cabeça, foi encontrado pela Polícia Militar às margens da rodovia Anhanguera, no município de São Simão (a 278 km de São Paulo).
A morte de Dias é investigada, inclusive como possibilidade de suicídio. O corpo estava caído ao lado de uma motocicleta Yamaha YBR 125, que teria sido usada na fuga no domingo (25), e de uma pistola .380, supostamente utilizada no disparado nesta quinta (29). Com o corpo também foram encontrados cinco bilhetes manuscritos, em frente e verso, cujo conteúdo não foi informado pela polícia.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a delegacia de São Simão ficará responsável pelas investigações das circunstâncias da morte.
O ex-policial militar tinha um mandado de prisão temporária contra ele e estava foragido desde domingo, quando ocorreu o crime na estação Luz da CPTM, região central da cidade de São Paulo. Ele pediu exoneração da PM (Polícia Militar) em 2006, de acordo com a SSP.
No início da semana, policiais do 2º DP, em São Paulo, realizaram diligências na casa dele, onde foram encontradas diversas munições, que acabaram apreendidas. Dias, ainda segundo a Polícia Civil, não tinha autorização para porte ou posse de arma.
Conforme boletim de ocorrência, uma testemunha, que também é funcionário da companhia, afirmou que, por volta das 16h45, quando saía da sala dos maquinistas, viu Dias chegando com uma mochila na frente do corpo e com uma arma de fogo escondida atrás dela. Ele pegou a arma e disparou contra o supervisor de tração Marco Antonio da Silva, 51, que foi atingido no tórax.
O atirador, segundo a testemunha, disse à vítima "eu quero ver você tirar sarro". A testemunha não soube responder se a vítima e o atirador tinham algum problema pessoal ou se já haviam discutido.
A vítima, depois de baleada, correu em direção à plataforma 4 da estação da Luz. A testemunha viu Dias como a arma em punho e olhando ao redor, como se procurasse algo ou alguém. Nesse momento a testemunha correu, trancou-se em uma sala onde tem um vidro e, de lá, viu outro colega, de 53 anos, correndo para o estacionamento, lá essa segunda vítima foi baleada no pé.
Ainda segundo a CPTM, o maquinista trabalhava na companhia havia 11 anos, e iniciava o turno de trabalho quando atirou nos colegas. O supervisor de tração foi socorrido, mas morreu na Santa Casa. Ele trabalhava na CPTM havia 23 anos. A segunda vítima, um maquinista de 53 anos, foi atingido no pé e não corre risco. Ele atua na CPTM há 31 anos.
O corpo de Marco Antonio da Silva foi enterrado na terça (27), no Cemitério Municipal Bela Vista, em Osasco, na Grande São Paulo O Sindicato dos Ferroviários de São Paulo afirmou que lamenta profundamente o ataque entre colegas de trabalho.
"Exigimos apoio da CPTM ao companheiro ferido, à família enlutada e aos demais funcionários que presenciaram o ocorrido! Vamos juntos lutar por segurança e bem-estar no ambiente de trabalho!", afirmou em nota.
A CPTM afirmou que a assistência social da companhia está dando suporte aos familiares do supervisor que morreu e acompanhando o maquinista ferido. A companhia disse que conta com diversos programas de incentivo ao bem-estar, como avaliação e acompanhamento psicológico, que, no caso dos maquinistas, é anual e obrigatória, além do plano de assistência médica com direito a consultas psicológicas.