O candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, é réu em ação civil pública de improbidade administrativa na qual ele é suspeito de envolvimento em irregularidades na implantação da ciclovia Ceagesp–Ibirapuera.
A obra, que foi feita quando ele era prefeito, têm 12,4 quilômetros de extensão, foi contratada sem licitação. Segundo o Ministério Público, a ciclovia teria sido superfaturada: cada quilômetro saiu por mais de R$ 4 milhões ou quase 6 vezes mais do que foi pago à mesma construtora em governos anteriores.
A ciclovia começa no bairro de Alto de Pinheiros e termina em Moema, passando por bairros de alto poder aquisitivo da Capital Paulista, inclusive na Avenida Brigadeiro faria Lima, centro financeiro de São Paulo.
A investigação do Ministério Público começou em 2016, último ano de Haddad como prefeito de São Paulo.
Passados quatro anos, o processo ainda está em andamento na 11ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. Na última movimentação, do dia 16 de setembro de 2022, o Ministério Público informou à Justiça que a Prefeitura entregou documentos errados e pede para que a Justiça mande entregar os corretos.
A defesa de Haddad também pediu mais prazo. O juiz alertou que o processo corre o risco de prescrever – isso ocorre quando demora tanto tempo que acaba arquivado sem julgamento.
Além de Haddad, que foi o idealizador do projeto, são réus Valter Antonio da Rocha, que era o chefe de gabinete da Secretaria de Coordenação de Subprefeituras; Jilmar Augustinho Tatto, Secretário Municipal de Transportes; Ricardo Teixeira, Secretário Municipal de Coordenação de Subprefeituras e a construtora Jofege Pavimentação E Construção.
O Ministério Público descobriu que para acelerar a implantação da ciclovia, os envolvidos teriam aproveitado um contrato já existente para contratar a construtora sem licitação, o que é ilegal.
Os promotores também descobriram que a ciclovia foi superfaturada. Na denúncia entregue à Justiça eles explicaram:
“Superfaturamento da obra, com valores de R$ 4.418.000,00 por quilômetros. Sendo que na gestão anterior uma obra, realizada pela própria empresa Jofege Pavimentação e Construção ltda. situada na Avenida Faria Lima, através de procedimento licitatório, teve orçamento de R$ 617.000,00 por quilômetros”
Os promotores pediram o ressarcimento integral dos danos causados aos cofres públicos. O valor da causa é R$ 54.782.813,02. Também pedem a condenação dos réus por ato de improbidade administrativa.
OUTRO LADO
A assessoria de imprensa de Fernando Haddad enviou a seguinte nota: “A ação de improbidade foi movida após o então prefeito Fernando Haddad ter levado ao conhecimento da Corregedoria do Ministério Público informações sobre suspeita de corrupção em que o promotor poderia estar envolvido, segundo informações de terceiros. Trata-se, portanto, de uma represália ao então prefeito que está devidamente defendido nos autos. Vale ressaltar que, por intervenção do prefeito, os custos da obra da ciclovia foram reduzidos em 50%.”
Procuramos as defesas da Construtora Jofege e Jilmar Tatto, mas não tivemos retorno. Não localizamos a defesa de Valter Antonio da Rocha e Ricardo Teixeira