Foi com um samba-enredo em homenagem à escritora, pesquisadora, professora e intelectual Helena Theodoro (foto de destaque) que teve início a edição da capital paulista do Festival Latinidades. O samba, chamado de Oyá Helena, foi cantado e dançado por integrantes da Escola de Samba Mocidade Unida da Mooca, que se apresentou na tarde desta sexta-feira (21) no Centro Cultural São Paulo (CCSP).
“É preta no sangue, na raça e na cor”, cantou a escola de samba, que vai homenagear Helena Theodoro no carnaval de 2024. Ao final da apresentação, a sambista e intelectual agradeceu. “Virei enredo. Mais importante que nome de rua”, disse ela, arrancando risos da plateia.
Helena Theodoro não é apenas a homenageada pela Mocidade Unida da Mooca. Neste ano, seu nome é celebrado pelo Festival Latinidades, o maior evento de mulheres negras da América Latina e que é realizado em São Paulo até domingo (23).
“É uma emoção enorme. Quase morri do coração porque eu já nasci quase dentro de uma escola de samba porque minha família quase toda é Salgueirense. E o enredo de 2022 da Salgueiro foi de minha autoria. Ser homenageada por uma escola de samba é o maior reconhecimento da comunidade para um de seus membros. E isso, para mim, é o que há de mais importante: é a maior homenagem que alguém da comunidade negra pode receber”, disse Helena, em entrevista à Agência Brasil e à TV Brasil.
“E é por isso que fico tão feliz de estar neste Festival Latinidades. Em Beijing [capital da China], quando houve o Encontro Mundial de Mulheres Negras, vimos que os problemas eram muito diferentes. As mulheres negras asiáticas tinham um problema. As da Inglaterra, outro problema. E as mulheres das Américas e do Caribe tinham vivido processos muito mais cruéis e discriminatórios do que as outras mulheres, por conta da escravidão nas Américas”, acrescentou a homenageada.
O Festival Latinidades é um espaço de articulação política e cultural em torno do 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Com uma programação multilinguagem, que envolve oficinas, palestras, debates, rodas de negócios e música, esta edição do evento explora como tema o Bem-Viver, conceito que encontra ressonância nos modos de viver dos povos da floresta e povos tradicionais da América Latina.
“O Latinidades é um festival multilinguagem, um festival de mulheres negras, que foi criado no Distrito Federal para celebrar o Dia da Mulher Afro Latino-Americana e Caribenha. É um projeto que parte das artes e da cultura para denunciar os indicadores sociais relacionados às mulheres negras como a falta de acesso a políticas públicas e os índices de violência contra mulheres negras. Ao mesmo tempo, mostramos as potências das mulheres negras e a contribuição delas para a sociedade”, disse Jaqueline Fernandes, diretora-geral do Festival Latinidades.
Neste ano, o festival já esteve nas capitais Rio de Janeiro e Brasília. Depois de São Paulo, o evento seguirá para Salvador.
“Cada cidade tem uma programação diferente e inédita. São Paulo é uma cidade que historicamente se articulou em caravanas para ir para [ao evento em] Brasília durante vários anos. E a gente queria devolver isso para São Paulo. Acho que aqui é uma capital muito intensa de cultura e de arte e onde temos uma população negra gigante. É muito especial dialogar com todo o Brasil através de São Paulo com essa programação que tem palestras, shows, oficinas e feira de empreendedorismo. É uma programação diversa, como diversa é a população negra de São Paulo”.
A programação completa do festival em São Paulo, além da distribuição de ingressos, pode ser conferida no site
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) apoia a edição 2023 do Festival Latinidades.
Edição: Aline Leal